Estação Ferroviária de Vila Viçosa
Vila Viçosa | |
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Linha(s): | Ramal de Vila Viçosa (PK 191,567) |
Coordenadas: | 38° 46′ 42,48″ N, 7° 25′ 32,28″ O |
Município: | Borba |
Inauguração: | 2 de Agosto de 1905 |
Encerramento: | 2 de Janeiro de 1990 |
A Estação Ferroviária de Vila Viçosa, originalmente denominada de Villa Viçosa, foi uma interface do Ramal de Vila Viçosa, que servia a localidade de Vila Viçosa, no Distrito de Évora, em Portugal. Entrou ao serviço em 1905.[1]
Descrição
A estação contava com vários painéis de azulejos, oriundos da Fábrica Sant'Anna.[2]
História
Antecedentes, planeamento e inauguração
Durante o planeamento da Linha do Leste, nos primeiros anos dos caminhos de ferro em Portugal, o engenheiro Thomaz Rumball sugeriu um traçado que atravessaria o Rio Tejo no Carregado e seguiria pelo vale do Rio Sorraia, passando por Estremoz, Borba, Vila Viçosa e Elvas.[3] No entanto, esta proposta não foi aproveitada devido à oposição das autoridades militares, que a consideraram uma ameaça à defesa nacional, tendo em vez disso sido aprovado um outro traçado que criava um caminho menos directo entre Lisboa e a fronteira.[3] Após a inauguração da Linha do Leste, foi novamente proposta a construção de um lanço de Estremoz a Elvas, pelo capitão de engenharia Manuel Raymundo Valadas|primeiro1=num artigo na Revista das Obras Públicas e Minas|ultimo2=uma das principais razões apontadas era o facto da linha projectada servir o fértil concelho de Vila Viçosa.[4]
Em 1900, o empresário John Clark foi autorizado pelo Ministério das Obras Públicas a apresentar o projecto para um caminho de ferro de tracção eléctrica entre Estremoz, Borba e Vila Viçosa.[5] No Plano da Rede ao Sul do Tejo, decretado em Novembro de 1902, que listava todas as linhas férreas que deveriam ser construídas, foi incluído o prolongamento da Linha de Évora até Elvas, na Linha do Leste, passando por Estremoz, Borba e Vila Viçosa.[6] Esta última deveria ser instalada a Sul daquela localidade, e devia dispor desde logo de todas as infra-estruturas necessárias a uma estação terminal, uma vez que se previa que seria o final provisório da linha até à sua continuação para Elvas.[6] Em 16 de Fevereiro de 1903, a Gazeta dos Caminhos de Ferro informou que estava prevista para breve a construção do Ramal de Vila Viçosa.[6]
O Ramal de Vila Viçosa entrou ao serviço em 1 de Agosto de 1905,[7] tendo a estação sido construída junto ao Campo do Carrascal.[8] Logo desde a sua abertura, esta estação foi inserida numa zona especial de tarifas de transportes de cortiça, com destino ao Barreiro.[9]
A família real fez várias viagens até Vila Viçosa, utilizando um comboio especial rebocado pela locomotiva D. Luiz.[10]
Em 1913, da estação de Vila Viçosa partia uma carreira de diligência até ao Alandroal.[11]
Continuação projectada até Elvas
Quando em 1927 se procedeu à realização dos estudos para a revisão dos planos ferroviários, foi retomada a ideia de continuar a linha de Vila Viçosa até Elvas, mas esta proposta voltou a ser criticada pelas autoridades militares por motivos de defesa nacional, não tendo sido incluído no plano definitivo, publicado pelo Decreto 18:190, de 28 de Março de 1930.[12][13]
Em 1948, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses colocou ao serviço várias automotoras de origem sueca entre Casa Branca e Vila Viçosa, que tiveram bons resultados.[14] Na Década de 1950, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses organizou os Expressos Populares, uma série de comboios para fazer excursões a diversas partes do país, incluindo Vila Viçosa.[15]
Encerramento
Em 2 de Janeiro de 1990, foram encerrados os serviços de passageiros no Ramal de Vila Viçosa, como parte de um programa de reestruturação da empresa Caminhos de Ferro Portugueses.[16]
Ver também
- Comboios de Portugal
- Infraestruturas de Portugal
- Transporte ferroviário em Portugal
- História do transporte ferroviário em Portugal
Referências
- ↑ SERRÃO, 1985:450
- ↑ PEREIRA, 1995:419
- ↑ a b ABRAGÃO, Frederico (16 de Junho de 1956). «No Centenário dos Caminhos de Ferro em Portugal: Algumas notas sobre a sua história» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 69 (1644). p. 249-255. Consultado em 6 de Maio de 2016 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ GAMA, Eurico (16 de Março de 1956). «Achegas para a História do Caminho de Ferro do Leste» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 69 (1638). p. 144-146. Consultado em 20 de Setembro de 2016 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Há 50 anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 63 (1507). 1 de Outubro de 1950. p. 355. Consultado em 8 de Fevereiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ a b c «De Estremoz a Villa Viçosa» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (364). 16 de Fevereiro de 1903. p. 53. Consultado em 8 de Fevereiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ MARTINS et al, 1996:251
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 18 (423). 1 de Agosto de 1905. p. 234-235. Consultado em 8 de Fevereiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Tarifas de Transporte» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 18 (423). 1 de Agosto de 1905. p. 230. Consultado em 8 de Fevereiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ MARTINS et al, 1996:86
- ↑ «Serviço de Diligencias». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. Ano 39 (168). Outubro de 1913. p. 152-155. Consultado em 9 de Fevereiro de 2018 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ SOUSA, José Fernando de (1 de Março de 1935). «"O Problema da Defesa Nacional" pelo Coronel Raúl Esteves» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1133). p. 101-103. Consultado em 8 de Fevereiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ PORTUGAL. Decreto n.º 18:190, de 28 de Março de 1930. Ministério do Comércio e Comunicações - Direcção Geral de Caminhos de Ferro - Divisão Central e de Estudos - Secção de Expediente. Publicado no Diário do Governo n.º 83, Série I, de 10 de Abril de 1930
- ↑ «Linhas Portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 60 (1463). 1 de Dezembro de 1948. p. 644. Consultado em 8 de Fevereiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Os Expressos Populares e o prazer de conhecer o País» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 65 (1553). 1 de Setembro de 1952. p. 235. Consultado em 8 de Fevereiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «CP encerra nove troços ferroviários». Diário de Lisboa. Ano 69 (23150). Lisboa: Renascença Gráfica. 3 de Janeiro de 1990. p. 17. Consultado em 5 de Março de 2021 – via Casa Comum / Fundação Mário Soares
Bibliografia
- MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas *PEREIRA, Paulo (1995). História da Arte Portuguesa. Volume 3. Barcelona: Círculo de Leitores. 695 páginas. ISBN 972-42-1225-4
- SERRÃO, Joel (1985). Dicionário de História de Portugal. Volume 1. Porto: Livraria Figueirinhas. 520 páginas
Ligações externas
- «Fotografia da Estação de Vila Viçosa, no sítio electrónico Flickr»
- «Página sobre a antiga Estação de Vila Viçosa e o Museu do Mármore, no sítio electrónico Wikimapia»
- Estação Ferroviária de Vila Viçosa na base de dados SIPA da Direção-Geral do Património Cultural