Lançadeira voadora

Lançadeira voaadora com extremidades cobertas de metal, rodas, e uma canela de fio de trama

A lançadeira voadora[1] foi um dos principais desenvolvimentos na industrialização da tecelagem durante o início da Revolução Industrial. Essa Lançadeira permite a um tecelão tecer sozinho tecidos muito mais largos, e permitiu o desenvolvimento de um tear automático. A lançadeira foi patenteada; por John Kay (1704–1779), em 1733. Este dispositivo acelerou significativamente o processo manual utilizado anteriormente, e reduziu metade da força de trabalho. Quando um tear de tecido largo anteriormente requeria um tecelão de cada lado, podia agora ser acionado por um único operador. A inovação de Kay, em ampla utilização na década de 1750, aumentou consideravelmente a produtividade.[2]

Funcionamento

Video dum tecelão a trabalhar num tear manual com lançadeira voadora.

Em um típico quadro de tear, como os utilizados antes da invenção dessa lançadeira, o operador trabalhava sentado com o tecido na frente dele ou dela, usando pedais ou algum outro mecanismo para levantar e baixar os liços, que abrem a cala na urdidura de fios. O operador, então, tinha de avançar, segurando a lançadeira com uma mão e passa-la através da cala; realizando o transporte de uma canela de fio de trama. A lançadeira, em seguida, tinha de ser retirada do outro lado, para a cala se fechar, e o pente empurrar o novo fio de trama no lugar. Esta ação requeria dois operadores se a largura do tecido ultrapasse o comprimento dum antebraço. A lançadeira voadora emprega uma placa, na frente do pente, de um lado para o outro, formando uma pista na qual deslize a lançadeira sobre os fios inferiores da cala. Em cada final da corrida, há uma caixa que contém um mecanismo para impulsionar a lançadeira na sua viagem de regresso. As extremidades da lançadeira são na forma de bala e revestidas de metal, e a lançadeira geralmente possui rolos para reduzir a fricção. O fio de trama é feito para sair da extremidade e não da lateral, e o fio é armazenado numa canela (uma bobina longa, cónica, de uma extremidade, sem girar) para permitir que ele se alimente mais facilmente. Enfim, a lançadeira voadora é geralmente um pouco mais pesada, de modo a ter impulso suficiente para transportá-la todo o caminho através da cala.


Efeitos sociais

O aumento da produção previsto para a lançadeira voadora ultrapassou a capacidade da indústria de fiação diária e provocou o desenvolvimento de máquinas giratórias motorizadas, começando pelo tear movido por energia hidráulica, (Máquina de fiar Jenny) e o (Spinning Frame), e culminando com desenvolvimento da máquina de fiar (Spinning Mule), capaz de produzir fio fino e forte, em quantidades necessárias. Essas inovações transformaram a indústria têxtil na Grã-Bretanha. Portanto foram atacadas pelo Ludismo como ameaças para a subsistência das fiandeiras e tecedeiras, e a patente de Kay foi largamente ignorada. Muitas vezes, é escrito incorretamente que Kay foi atacado e fugiu para a França, mas na verdade, ele simplesmente se mudou para lá para tentar alugar seus teares, um modelo de negócio que tinha falhado na Inglaterra. A lançadeira voadora produziu uma nova fonte de lesões. Era as vezes projetada da máquina provocando casos em que os olhos eram feridos e até perdidos assim como de outras lesões sofridas e potencializando as greves dos trabalhadores. Em várias instâncias (por exemplo, uma longa troca em 1901), a Câmara dos Comuns do Reino Unido foi requerida para garantir a instalação de proteções e outros dispositivos para reduzir essas lesões.[3]

Obsolescência

A lançadeira voaadora dominou comercialmente a tecelagem em meados do século XX. Quando outros sistemas começaram a substituí-la. Ela era barulhenta e de ineficiente de energia (uma vez que a energia usada para jogá-la, era em grande parte perdida na sua captura); Também, sua inércia limitava a velocidade do tear. Os teares de projétil e rapagem eliminaram a necessidade de levar a bobina / carretel de fio através da cala; Mais tarde, os teares de ar e jato de água reduziram ainda mais o peso de peças móveis. Os teares de lançadeira voadora ainda são usados para alguns propósitos, e os modelos antigos permanecem em uso.


Bibliografia

  • Handbook of technical textiles. [S.l.: s.n.] ISBN 978-1-85573-385-5 
  • «Leclerc Loom Options: Flying Shuttle Option» 
  • Weaver, Master (1961). «Flying Shuttle» (PDF). Bi Monthly Bulletin for Handweavers Ed. 60. Consultado em 27 de julho de 2017 

Referências

  1. Revista Educação Pública, ed. (2024). «O contexto da revolução industrial». Consultado em 8 de abril de 2024 
  2. Gascoigne, Bamber. HistoryWorld., ed. (2001). «History of Technology» (em inglês) 
  3. «Sessional papers». X. OCLC 4689281