Manuel Pereira da Silva Ubatuba
Manuel Pereira da Silva Ubatuba | |
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Nascimento | 1822 Porto Alegre |
Cidadania | Brasil |
Ocupação | político |
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Manuel Pereira da Silva Ubatuba (Porto Alegre, 1822 — 1875) foi um médico sanitarista, político, comerciante e intelectual brasileiro.
Filho de Manuel Pereira da Silva, comerciante natural de Ubatuba radicado em Porto Alegre com um armazém na Praça da Alfândega, casou com Clara Mercedes Pereira e gerou descendência.[1][2] "Nome muito conhecido na política, na saúde pública e na indústria, e que com distinção tem sido transmitido e conhecido no estudo das letras e do magistério",[1] doutorou-se na Escola de Medicina do Rio de Janeiro em 1845,[3] com a tese intitulada Algumas considerações sobre a Educação Física, que segundo Dirceu Gama é o trabalho pioneiro em todo o Brasil na área dos estudos acadêmicos sobre a Educação Física.[4]
Voltando ao Rio Grande do Sul, atuou como vacinador em Jaguarão em 1849;[5] em 1851 foi nomeado presidente da Comissão de Higiene e Propagação da Vacina da Província;[6] no mesmo ano era membro de uma comissão em Rio Grande para inspeção de presídios e hospitais,[7] em 1855, quando ainda presidia a Comissão de Higiene, o relatório do presidente da Província lhe teceu elogios pelo trabalho de organização do serviço sanitário em Rio Grande, com especial atenção à supervisão do leprosário e à fiscalização dos navios e passageiros que chegavam ao porto.[8] Em 1867 era o titular da Inspetoria Geral da Saúde Pública da Província.[9]
Eleito deputado para a Assembleia Provincial, segundo Maria Antonieta Antonacci, foi um dos legisladores mais preocupados com os problemas econômicos do Rio Grande do Sul, além de interessar-se pelas questões da escravidão e colonização.[10] Foi o autor da proposta de elevação da antiga vila do Espírito Santo de Jaguarão à categoria de cidade.[11]
Desempenhou uma significativa atividade intelectual em meados do século XIX. Foi o principal fundador do Instituto Histórico e Geográfico Rio-Grandense em 1853,[12] instituição precursora do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, membro correspondente do IHGB, para o qual escreveu diversos textos,[13] e um dos fundadores do Partenon Literário, membro da sua Diretoria Provisória em 1868 e depois membro da Comissão de Estatutos e da Comissão Editorial da Revista Mensal.[13][14]
Foi também fiscal do Banco da Província, louvado pela sua competência,[15] comerciante de charque e criador de um "extrato de carne", um tipo de carne em conserva, sobre o qual obteve monopólio de fabricação.[16] Instalou uma empresa para tal em Guaíba por volta de 1864,[17] e seu produto se tornou um importante item de exportação do estado,[18][19] valendo-lhe a Ordem de Cristo no grau de cavaleiro[17] e prêmios em exposições nacionais de 1866 e 1873, na Exposição Industrial de Londres de 1870 e na Exposição Universal de Viena em 1873.[20] Participou da diretoria da Exposição Provincial de produtos agrícolas, industriais e artísticos em 1866.[21]
Referências
- ↑ a b "Antigualhas". Annuario da Provincia do Rio Grande do Sul, 1886, pp. 153-154
- ↑ Silveira, Carlos da. Subsídios Genealógicos. Instituto Genealógico Brasileiro, 1942
- ↑ "Escola de Medicina do Rio de Janeiro". In: Archivo Medico Brasileiro, 1845 (2)
- ↑ Gama, Dirceu. "Inovações tecnológicas e científicas I". In: Dacosta, Lamartine (org.). Atlas do Esporte no Brasil. CONFEF, 2006, p. 71
- ↑ "Propagação da vaccina". Orçamento da receita e despeza para o anno financeiro de 1849-1850. Typographia do Porto-Alegrense, 1849
- ↑ "Saude Publica". Relatorio do Presidente da Provincia de São Pedro do Rio Grande do Sul. Typographia do Mercantil, 1854
- ↑ "Interior". O Rio-Grandense, 11/02/1851
- ↑ [Apresentação]. Relatorio do Presidente da Provincia de São Pedro do Rio Grande do Sul. Typographia do Mercantil, 1855, pp. 3-4
- ↑ Ubatuba, Manuel Pereira da Silva. Relatorio da Inspectoria Geral de Saude Publica da Provincia de São pedro do Rio Grande do Sul. Typografia do Deutsche Zeitung, 1867
- ↑ Antonacci, Maria Antonieta. RS: economia & politica. Mercado Aberto, 1979, p. 103
- ↑ Garcia, Sheila Fernández. "O Homem Maldito, o início do romance sul-rio-grandense". In: Mafuá — Revista de Literatura, 2010 (13)
- ↑ "Notas Historicas". In: Almanak Litterario e Estatistico, 1908 (20)
- ↑ a b Gomes, Sandro Aramis Richter. Descentralização e pragmatismo: condições sociais de produção das memórias históricas de Antonio Vieira dos Santos (Morretes e Paranaguá, décadas de 1840-1850). Universidade Federal do Paraná, 2012, pp. 206-207
- ↑ Ramirez, Hugo.Paradigmas da açorianidade no Rio Grande do Sul: a obra pioneira dos lusodescendentes. Instituto Cultural Português, 2005, p. 175
- ↑ "Lei nº 596 de 21 de dezembro de 1861". In: Collecção das Decisões do Governo do Imperio do Brasil, tomo XXIV. Typographia Nacional, 1861, p. 571
- ↑ Annaes do parlamento Brazileiro. Typographia Imperial e Constitucional, 1875, p. 7
- ↑ a b Souza, Blau. Uma no Cravo outra na Ferradura. Editora AGE, 2004, p. 34
- ↑ "Baú migalheiro". Informativo Migalhas, 08/07/2014
- ↑ "Hoje no Passado". O Estado, 08/07/1954
- ↑ Medeiros, Laudelino Teixeira de. Formação da Sociedade Rio-Grandense: ensaios. Edições URGS, 1975, p. 34
- ↑ "Exposição Provincial". Relatorio do Presidente da Provincia de São Pedro do Rio Grande do Sul, 1866, pp. 40-41