Operação Papagaio

A “Operação Papagaio” foi uma intervenção surrealista em Portugal, em 1962, contra o Estado Novo. Devido a interferência da PIDE, não chegou a ser levada a cabo.

Na Primavera de 1962, um ano após o início da Guerra Colonial, um grupo de surrealistas do qual faziam parte Virgílio Martinho, António José Forte, Manuel de Castro, Mário-Henrique Leiria[1] e outros, concebeu um plano original: atacar o Rádio Clube Português, prender e amarrar o contínuo da estação, e substituir a bobina com o programa nocturno “Companheiros da Alegria” por uma outra contendo o hino nacional, marchas militares e, a cada cinco minutos, notícias sobre movimentações militares para derrubar o Governo. Terminava convocando a população a deslocar-se à Baixa de Lisboa para saudar os militares vitoriosos e o advento da democracia.

Informação acerca do plano dos surrealistas chegou aos ouvidos da PIDE, que os deteve antes que o pudessem pôr em prática[1]. Durante os interrogatórios, aconteceu por diversas vezes os agentes saírem dos «gabinetes de investigação» e virem rir às gargalhadas para o corredor. Não houve torturas, não se formou processo; tendo confiscado as armas reunidas para a execução do golpe, a PIDE foi libertando detidos um a um.[2]

No seu livro Prazo de Validade (1998), Luiz Pacheco narra uma versão destes acontecimentos.

Referências

  1. a b RODRIGUEZ, Alberto Pena; CLÍMACO, Cristina; SANTOS, Enrique Coraza de los; PAULO, Heloisa (Agosto de 2020). Migrações e Exílios no Mundo Contemporâneo (PDF). Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra. p. página 430. ISBN 978-989-26-1789-3. doi:10.14195/978-989-26-1790-9 
  2. Loures, Carlos (8 de Junho de 2010). «Operação Papagaio – a acção armada dos surrealistas contra a ditadura. (a realidade competindo com a ficção)». Estrolabio. Consultado em 15 de Agosto de 2024 

Ligações externas

  • Trailer do programa "Operação Papagaio", do Observador.
  • Os surrealistas em armas contra a ditadura[ligação inativa]