Tratado de Rapallo (1920)

Mapa das alterações de fronteiras: com o Tratado de Rapallo, a Itália recebeu a maior parte do Litoral Austríaco, parte do Carniola Interior, e algumas áreas de fronteira da Caríntia.
Mapa do território italiano de Zara, 1920-1947

O Tratado de Rapallo foi um tratado entre o Reino da Itália e o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos (renomeado como Iugoslávia em 1929), assinado para resolver a disputa sobre alguns territórios do antigo litoral austríaco no mar Adriático norte e da Dalmácia.

O tratado foi assinado em 12 de novembro de 1920[1] em Rapallo, perto de Gênova, Itália. A assinatura foi precedida por negociações ítalo-iugoslavas em Villa Spinola, lideradas principalmente por Ivanoe Bonomi e Francesco Salata.[2]

A tensão entre a Itália e a Iugoslávia surgiu ao final da I Guerra Mundial, quando o Império Austro-húngaro foi dissolvido e a Itália conquistou os territórios que lhe foram conferidas em segredo pelo Pacto de Londres de 1915. De acordo com o pacto, assinado na cidade de Londres em 26 de abril de 1915 pelo Reino da Itália e a Tríplice Entente; em caso de vitória no final da Primeira Guerra Mundial, a Itália obteria várias conquistas territoriais, incluindo o antigo Litoral Austríaco, Norte da Dalmácia e, notavelmente, Zadar (Zara), Šibenik (Sebenico), e a maioria das ilhas da Dalmácia (exceto Krk e Rab).

Estes territórios tinham uma população etnicamente mista, com Eslovenos e Croatas a compor mais da metade da população da região. O pacto, portanto, foi anulado com o Tratado de Versalhes, sob pressão do Presidente Woodrow Wilson, nulificando as reivindicações italianas no Norte da Dalmácia. O objectivo do Tratado de Rapallo, foi encontrar um compromisso político seguindo o vazio político criado pela não aplicação do pacto de Londres de 1915.

Conteúdo

Nas conclusões das discussões, os seguintes territórios foram anexados para a Itália:

De acordo com o tratado, a cidade de Rijeka (conhecido como Fiume em italiano) iria se tornar o independente, Estado Livre de Fiume,[3] terminando assim a ocupação militar das tropas de Gabriele d'Annunzio, que começou com a Impresa di Fiume (marcha de Ronchi dei Legionari a Fiume, dos chamados "legionários" de Annunzio) e conhecido como a Regência Italiana de Carnaro. Esta parte do tratado, foi revogada em 1924, quando a Itália e a Iugoslávia assinaram o Tratado de Roma, que deu Fiume para a Itália e o adjacente porto de Sušak para a Iugoslávia.

O tratado, deixou um grande número de eslovenos e croatas na Itália. De acordo com o autor Paul N. Hehn, "o tratado deixou meio milhão de eslavos no interior da Itália enquanto apenas algumas centenas de Italianos no incipiente estado iugoslavo".[4] de Fato, de acordo com o censo austríaco de 1910, 480 mil eslavos do Sul (eslovenos e croatas) tornaram-se cidadãos do Reino de Itália, enquanto cerca de 15 mil Italianos se tornaram cidadãos do novo estado da Iugoslávia (cerca de 13 mil na Dalmácia, e o resto na ilha de Krk). De acordo com o mesmo censo, cerca de 25 mil alemães étnicos e 3 mil húngaros também habitavam as regiões anexadas pela Itália com o Tratado, enquanto que o número de Italianos que viviam na região estava entre 350 mil e 390 mil.

Referências

  1. A Low Dishonest Decade by Paul N. Hehn; Chapter 2, Italy the Powers and Eastern Europe, 1918-1939. Mussolini, Prisoner of the Mediterranean
  2. D'Alessio, Vanni. «Salata, Francesco». Enciclopedia Italiana. Consultado em 24 de abril de 2021. Cópia arquivada em 10 de março de 2021 
  3. Foreign Policies of the Great Powers by Cedric James Lowe, Routledge, Taylor & Francis Group, F. Marzari, p.177-78
  4. A Low Dishonest Decade by Paul N. Hehn; Chapter 2, Italy the Powers and Eastern Europe, 1918-1939. Mussolini, Prisoner of the Mediterranean

Bibliografia

  • Paolo Alatri, Nitti, D'Annunzio e la questione adriatica (1919-20). Milano, Feltrinelli, 1959.
  • Giorgio Bonacina. Arrivano vittoria e pace, in Italia - Ventesimo Secolo. Milano, Selezione dal Reader's Digest, 1985. ISBN 88-7045-050-3. pp. 116–117.
  • Boris Gombač, Atlante storico dell'Adriatico orientale, Bandecchi & Vivaldi Editori, Pontedera dicembre 2007 - ISBN 978-88-86413-27-5.
  • Sandro Liberali. Un sogno eroico: Fiume italiana, in Italia - Ventesimo Secolo. Milano, Selezione dal Reader's Digest, 1985. ISBN 88-7045-050-3. pp. 122–125.
  • Carlo Sforza, Pensiero e azione di una politica estera italiana, a cura di Alberto Cappa, Laterza, Bari, 1924.
  • Carlo Sforza. Costruttori e distruttori. Roma, Donatello De Luigi, 1945.
  • Carlo Sforza. L'Italia dal 1914 al 1944 quale io la vidi. Roma, Mondadori, 1945.
  • Carlo Sforza. Jugoslavia, storia e ricordi. Milano, Donatello De Luigi, 1948.
  • Paolo Viola. Storia moderna e contemporanea, vol. IV - Il Novecento. Torino, Einaudi, 2000. ISBN 88-06-15511-3. pp. 69–75.

Ligações externas

  • Treaty between the Kingdom of Italy and the Kingdom of the Serbs, Croats and Slovenes signed at Rapallo, 12 November 1920
  • Map of Europe and Treaty of Rapallo Arquivado em 16 de março de 2015, no Wayback Machine. em omniatlas.com
  • Map of modern Slovenia with superimposed Rapallo border
  • v
  • d
  • e
Durante a guerra
Conferência de Paz de Paris
Consequências
  • Rapallo (1920)
  • Tartu (1920)
  • Varsóvia
  • Riga (1920)
  • Suwałki
  • Alexandropol
  • Moscou
  • Riga (1921)
  • Tartu (1921)
  • Cilícia
  • Ancara
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  • Rapallo (1922)
  • Pagamentos de reparação austro-húngaros
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  • Tratado de Paz Sino-Alemão
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